Greve dos Correios tem adesão de 90%

Publicada: 15/09/2011 00:44| Atualizada: 14/09/2011 23:40
Nelson Rocha
A greve dos funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), decretada na terça-feira por motivo de solicitação de aumento salarial, pegou muita gente de surpresa. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos (Sincotelba), na Bahia, 90% dos funcionários aderiram a greve.
Quem compareceu ontem à maioria das agências da empresa ficou sem poder contar com os serviços por ela prestados. Apenas o posto central, situado no bairro da Pituba, e as agências do Terreiro de Jesus e da Rua Chile atenderam aos pedidos dos clientes. As outras, apesar de manterem as portas abertas, suspenderam o atendimento, fato que resultou em prejuízos para pessoas físicas e jurídicas que utilizam os Correios para despachar ou receber correspondências, mercadorias ou fazer pagamentos.
“Fui ao shopping e não aceitam esta postagem. Vou perder a garantia por que não posso enviar o aparelho, via sedex, para conserto em São Paulo”, queixou-se o militar da reserva André Gonçalves Rocha, 47, ao tentar postar um GPS na agência dos Correios localizada no Comércio. “O governo tem que resolver esta situação, por que se eles estão fazendo greve deve ser por um motivo justo”, declarou.

Depois de 42 dias de negociações por reajuste salarial sem sucesso, os funcionários da ECT cruzaram os braços, por tempo indeterminado. “Eu comprei um celular pela internet e vim buscar, mas encontrei o serviço suspenso.
Fiquei surpresa e agora só me restar aguardar acabar a greve”, revelou a estudante universitária Joyce da Paixão Silva, 23, após passar por uma agência e não conseguir concretizar seu objetivo. “Eu vim pagar um boleto de urgência do Salvador Card e agora estou prejudicado. Vou ligar para minha empresa e explicar a situação, por que agente não sabia da greve”, disse o auxiliar administrativo Junior dos Santos, 25, impedido de entrar na agência do Comércio.
“A nossa greve é causada pelo descaso da empresa. A proposta que ela ofereceu é ínfima, 6.87%, está defasada, desde quando a inflação medida este mês já é superior a 7%. Só retornaremos ao trabalho quando a empresa apresentar uma proposta convincente com os nossos anseios”, declarou Marcos Adriano Pereira, 38, há 15 anos funcionário dos Correios.
Mobilização em Salvador
Em Salvador, ontem os grevistas fizeram uma mobilização pela manhã no prédio central dos Correios, na Pituba e, à noite, promoveram uma assembleia na Praça da Inglaterra. “Até o momento a empresa não apresentou nenhuma contraproposta”, disse à Tribuna Simone Soares Lopes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares da Bahia, (Sintect-Ba).

“A greve ganhou a adesão de 90% dos funcionários da empresa no estado. Mais de 30 municípios estão com os serviços suspensos”, afirmou.

De acordo Simone Lopes, os trabalhadores querem um aumento real de R$ 400. Além disso, a categoria ainda pede um piso salarial de R$1.635 e o aumento do vale-alimentação para R$30 por folha.
A proposta rejeitada pelos funcionários dos Correios inclui reajuste de salário de 6,87%; incorporação de R$ 50 ao salário em janeiro de 2012; abono de R$ 800 pago até a próxima sexta-feira; vale-alimentação de R$ 25; vale-cesta de R$ 140; vale-extra de R$ 575 a ser pago até dezembro; e reembolso creche e babá de R$ 384,95.