sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ACM Neto já estaria articulando sua saída do DEM

Lílian Machado
Em uma fase de baixas desde as últimas eleições estaduais, quando perdeu cadeiras na Assembleia Legislativa, e agora com a criação do PSD que levou mais dois deputados estaduais e cinco federais, o Democratas, partido refundado em 2007 com o objetivo de passar por uma modernização, tem sido alvo de novas especulações, envolvendo suas principais lideranças.
Uma delas surgiu na imprensa nacional, fato já especulado também pela Tribuna, trazendo à tona uma possibilidade que pode respingar com forte impacto dentro do partido no futuro, principalmente em âmbito estadual. Foi cogitado ontem pela Folha de S. Paulo que o líder do DEM na Câmara Federal, deputado federal ACM Neto, ícone da sigla na Bahia, deve deixar o ninho depois de 2012.
A interpretação nos bastidores é de que ele, embora negue, deve partir do DEM depois das eleições municipais.
Os rumores são reforçados atualmente com as desfiliações de prefeitos e vereadores da sigla.
As possibilidades estariam abertas também com as articulações para as eleições de 2014, já que o deputado não esconde a meta de se candidatar ao governo do Estado. Uma das teses já apontadas é a de que ele poderia sair em direção ao PSDB, numa aliança a ser costurada com o senador Aécio Neves, cotado para ser candidato à Presidência da República.
No entanto, em conversa com a Tribuna o deputado ACM Neto negou que planeje tal caminho. “A nota que saiu foi fundamentada em especulações. Não sinalizei nenhum indicativo neste sentido”, afirmou. Questionado sobre as saídas de lideranças políticas do DEM para o PSD, ele minimizou.
“Primeiro que o PSD foi criado em abril, portanto a quantidade de pessoas que tinha pra sair já saiu.
Nós já vínhamos trabalhando com isso (a perspectiva de saídas). Os impactos importantes ocorreram nessa época. De lá pra cá o partido vem procurando recompor seus quadros e já melhorou em muitos estados”, enfatizou. Segundo ele, a autorização da nova legenda pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esta semana não deve refletir em mais desfiliações no DEM.
Ele preferiu não comentar as declarações do deputado estadual e ex-democrata Gildásio Penedo de que sua postura individualista teria contribuído para as dissidências.
O presidente estadual do partido José Carlos Aleluia também minimizou as saídas. “Não estou nem um pouco preocupado com isso. O governo é que não se conforma em ter uma oposição firme que trabalha com os valores majoritários da sociedade brasileira. Na Bahia, os três membros que disputaram a majoritária (Paulo Souto, José Ronaldo e o próprio) e o deputado mais votado da Bahia, ACM Neto, não saíram do partido”, afirmou.
Neto também refutou a diminuição de espaço físico para a sigla na Câmara Federal, fato que gerou polêmica em Brasília. O PSD deve ficar com 17 dos 44 democratas, fazendo o DEM se afastar do status de 6ª maior bancada.
Aleluia: Mais um da base
Nos bastidores, há um impacto sobre as saídas de prefeitos do ninho democrata para o PSD, porém negada pelo presidente do DEM. Ele disse que muitos abraçaram o governo por “puro adesismo”.
Sobre o PSD, apesar de ter parabenizado a criação um dia antes, Aleluia classificou como “apenas mais um da base do governo”. Conforme a Tribuna já havia apontado, estão nesse grupo os prefeitos de Jeremoabo, Paripiranga, Araci, Santa Luz, Quijingue, Ibiquara, Itaberaba, Mundo Novo e Euclides da Cunha.
No entanto, houve uma migração também para outros partidos, como o PDT que conquistou gestores de Paulo Afonso, Santo Estevão, Antonio Cardoso e Feira de Santana.
O ex-democrata, prefeito de Paulo Afonso, Anilton Bastos Pereira, por exemplo, selou a sua entrada oficial no PDT na última quarta-feira à noite.
O ato teria ocorrido em clima de bastante movimentação no município e com as presenças do presidente estadual da legenda, Alexandre Brust, de representantes do PDT, a exemplo do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo e do deputado Roberto Carlos (PDT) e ainda dos petistas deputado estadual Paulo Rangel e federal Josias Gomes.
Além deles, o evento que reuniu cerca de duas mil pessoas contou também com a presença de um democrata, o suplente de deputado federal Luiz de Deus.
O dirigente Alexandre Brust deu boas vindas para o prefeito e brincou: “Paulo Afonso tem um complexo energético da ordem de 11 milhões de kw, mas tem uma usina muito maior, com 12 milhões de neurônios, que vão gerar a solução dos seus problemas: a usina de Anilton Bastos”.
Segundo Brust, a Bahia é o estado em que o PDT mais cresceu no Brasil, “mais até do que no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, apesar de ter um menor número de eleitores”. (LM)

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