
Com o tema “2 de Julho: 189 anos de liberdade – A
força de um povo”, a festa em comemoração pela Independência da Bahia, nesta
segunda-feira (2), vai relembrar a importância da grande mobilização popular na
luta para consolidar o processo de libertação do povo brasileiro do domínio
português no Brasil. “A participação do povo na guerra foi completa, total.
Todas as camadas sociais participaram. A conquista da independência foi a luta
do povo baiano e a festa é, sobretudo, do povo da Bahia”, afirma a historiadora
e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Consuelo Pondé.
A Independência da Bahia tem uma importância muito
grande não só para o estado. Segundo a historiadora, esse evento pode ser
considerada mais importante do que o ato pacífico da proclamação da
Independência do Brasil por Dom Pedro I, às margens do Rio Ipiranga, em 1822.
“A independência da Bahia consolidou a Independência do Brasil. Se não houvesse
a Independência da Bahia, o Brasil poderia ficar dividido entre sul e norte. E,
posteriormente, aconteceria o processo de recolonização do Brasil pelos
portugueses”, explica.
Apesar da luta pela Independência da Bahia ter sido
iniciada antes da brasileira, ela só aconteceu um ano depois. Esta guerra durou
cerca de um ano e alguns dias, entre 25 de junho de 1822 e 2 de julho de 1823.
Os constantes desentendimentos e a insatisfação com a Coroa Portuguesa vinham
se intensificando desde o século XIX.
O estopim da guerra aconteceu em fevereiro de 1822,
quando o governo português nomeou o tenente-coronel Madeira de Melo para
exercer o cargo de comandante das armas na Província.A nomeação de Madeira de
Melo não foi aceita de forma pacífica pelos brasileiros. O tenente-coronel
português ordenou que as tropas lusitanas ocupassem as ruas de Salvador. Os
brasileiros também reagiram e os conflitos se iniciaram.
Cercados e sem perspectivas militares, alguns brasileiros
se entregaram, outros dispersaram, indo em direção aos subúrbios da capital, ou
às vilas do Recôncavo baiano, onde se organizaram. Os fazendeiros municiaram os
combatentes e os negros se organizaram e formaram o Batalhão dos Henriques, com
a promessa de que seriam libertados.
Foram todos para Cachoeira e Santo Amaro e formaram
o Batalhão da Torre. No dia 25 de junho de 1822, na cidade de Cachoeira, Dom
Pedro foi aclamado “Defensor Perpétuo e Constitucional do Brasil”. Como
retaliação, o tenente-coronel português Madeira de Melo enviou uma canhoneira
pelo Rio Paraguaçu, que disparou contra a cidade, dando início à guerra de
Independência.
Após três dias de combate, em 28 de junho, os
brasileiros conseguiram dominar a embarcação. Aconteceram confrontos no
Recôncavo e na Ilha de Itaparica e, consequentemente, o fortalecimento do
exército brasileiro. Dom Pedro enviou o general francês Pierre Labatut para
reforçar as tropas brasileiras e fazer um cerco a Salvador, por terra e por
mar. Os brasileiros bloquearam os acessos à capital da província, impedindo a
entrada de mantimentos, armamentos, reforços e dificultando a comunicação dos
lusitanos.
Houve confrontos em várias regiões da cidade, sendo
a mais importante a Batalha de Pirajá, iniciada em 8 de novembro de 1822. O
desfecho da história aconteceu de forma inusitada. O tenente-coronel das tropas
brasileiras, Barros Porto, ordenou que o corneteiro Luis Lopes desse o toque de
recuar. Ele desobedeceu às ordens recebidas e tocou o “avançar cavalaria” e, em
seguida, o “à degola”. Com o avanço das tropas brasileiras, os batalhões
portugueses recuaram e fugiram.
Em junho de 1823, ataques por terra, em várias
frentes, acabaram com a tomada de postos de defesa portugueses. Acuado, e sem
bases de defesa, Madeira de Melo preparou a retirada que aconteceu na madrugada
de 2 de julho de 1823.
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