sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bashar al-Assad aparece na TV síria em Damasco com novo ministro







Bashar al-Assad nomeia novo ministro da defesa. Foto: tv síria
Bashar al-Assad nomeia novo ministro da defesa. Foto: tv síria
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi visto nesta quinta-feira (19) no palácio presidencial em Damasco, em imagens transmitidas pelas emissoras de televisão do país, colocando um fim aos boatos veiculados pelas agências de comunicação ocidentais após o atentado terrorista realizado contra a cúpula da segurança síria na última terça-feira.
Embora o presidente sírio apareça raramente na televisão, as agências ocidentais procuraram especular o paradeiro de Al-Assad após o atentado terrorista. As agências afirmavam que o presidente havia deixado Damasco e se "refugiado" no balneário de Latakia.
Nas imagens, Assad, com um terno azul escuro, participa da cerimônia de juramento do novo ministro da Defesa, Fahd al-Freij, vestido com traje militar completo. O general Freij sucedeu o ministro da Defesa, general Daoud Rajha, assassinado no atentado de quarta-feira.
Além do general Rajha, seu vice-ministro, o general Assef Shawkat, cunhado do presidente, e o general Hassan Turkmani, chefe da célula de crise estabelecida para derrotar os bandos armários e os mercenários que tentam derrubar o governo, foram mortos no atentado durante uma reunião no sede da Segurança Nacional, em Damasco.
Um conselheiro do presidente sírio, consultado por telefone, fez declarações idênticas à AFP em Beirute: "Ele está no palácio presidencial em Damasco com seus colaboradores e conduz o destino do país", afirmou ele, sob cobertura de anonimato, indicando que mantinha contato direto com o chefe de Estado.
EUA e Al-Qaida têm agora o mesmo objetivo
Houve recentemente várias notícias de acordo com as quais as forças de oposição sírias são um cadinho de ideologias diversas, de separatistas curdos a membros da Al-Qaida.
Isto apenas serve para enfraquecer o retrato, nas mídias ocidentais, de uma oposição forte e coerente. Sabe-se que há combatentes da Al-Qaida entre as forças de oposição na Síria, bem como mercenários líbios que acabaram de tomar parte na “Revolução Líbia”, outro bom exemplo de mudança de regime chamada de “Primavera Árabe” pelas mídias ocidentais.
No princípio da revolta, o próprio líder da Al-Qaida, Ayman Al-Zawahiri, incitou os combatentes da Al-Qaida e mercenários sunitas a juntarem-se às forças de oposição sírias.
Portanto, os EUA, a Al-Qaida, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e a Otan estão todos no mesmo lado do conflito, tentando forçar uma mudança de regime na Síria, sem pensarem no que acontecerá depois de Bashar al-Assad.
O jogo da Turquia
O Conselho Nacional da Turquia (CNT) e o Exército de Libertação da Síria (ELS) nem sempre estão do mesmo lado. Além de pôr colocar fim ao governo atual sírio terão de conceber um plano conjunto e coerente para o país após o golpe. Uma das principais semelhanças entre o Exército Livre da Síria (FSA) e o ELS é que ambos são fortemente apoiados pela Turquia, que procura desempenhar um papel mais importante na região.
Abdulbaset Sieda, o presidente curdo sírio do CNT, foi acusado, por outros grupos curdos, de apenas representar a agenda da Turquia, inimigo de longa data do povo curdo na região. A província meridional turca de Hatay abriga o quartel-general e campo de treino do ELS foi aí instalado por forças especiais do Catar. Através da Turquia, o ELS recebe também armas usadas na Líbia e equipamento de comunicação avançado da Otan.
As mídias ocidentais
O retrato, por parte das mídias ocidentais, do que está a acontecer na Síria, é o melhor indicador da mudança de regime. Os espectadores vêem sempre apenas um dos lados desta história, de modo a favorecer a agenda desta bizarra coligação entre a Otan (os EUA e a Turquia), a Al-Qaida e os países do CCG, que consiste, obviamente, na mudança de regime.
É fácil perceber que a Síria não está a viver a sua Primavera Árabe, mas antes uma guerra civil, apenas observando o modo como as mídias têm seguido os desenvolvimentos do conflito. Há poucas reportagens sobre o povo sírio ou sobre as suas legítimas exigências, e as imagens usadas mostram também bombas e assassinatos, de que é acusado o governo de Al-Assad, sem provas.
O massacre que teve lugar em Hula constitui um dos melhores exemplos de manipulação mediática; sem quaisquer provas, logo que vieram à luz notícias do massacre, ele foi imediatamente atribuído às forças governamentais. A BBC foi longe a ponto de divulgar uma fotografia falsa de centenas de cadáveres envoltos em lençóis brancos, que era na verdade uma fotografia tirada no Iraque por Marco di Lauro em 2003.
A BBC declarou, convenientemente, em caracteres pequenos sob a imagem: “esta imagem, cuja autenticidade não pode ser independentemente verificada, mostra o que se acredita serem os cadáveres de crianças em Hula aguardando sepultura.” Divulgaram a história por todo o mundo como um meio de mostrar a impiedade do regime sírio e levar o público a aceitar uma intervenção humanitária / militar na Síria.
Pouco depois de se saber que a imagem havia sido erradamente atribuída, a notícia de que os verdadeiros autores do massacre eram de fato membros do ELS disfarçados de shabiha (ladrões), e que os que foram assassinados eram sírios que apoiavam o governo, não recebeu a mesma cobertura que a notícia original.
- Do Portal Vermelho, com informações de artigo de François-Alexandre Roy no Diário.Info

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