segunda-feira, 30 de abril de 2012

Crédito para carros é menor






Com a alta da inadimplência, os novos empréstimos para compra de automóveis caíram em março ao menor nível em mais de dois anos.

Dados da consultoria LCA com ajuste sazonal -quando se retiram dos números os efeitos típicos de cada mês sobre o crédito- mostram que os bancos concederam R$ 352 milhões em financiamentos por dia no mês passado, o pior resultado desde dezembro de 2009, quando foram liberados R$ 339 milhões.
 
O auge do setor ocorreu em novembro de 2010, com a concessão de R$ 547 milhões.
 
Os números, com base em dados do Banco Central, são explicados pelo crescimento dos atrasos superiores a 90 dias nos pagamentos -quando se configura a inadimplência. No mês passado, o indicador alcançou 5,7%, o maior percentual da história.
 
“Se antes eram 7 fichas [de pedidos de empréstimo] aprovadas em 10, hoje estamos em 5 [em 10]”, afirma Gilson Carvalho, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), que atribuiu o maior rigor das financeiras ao crescimento dos atrasos.
 
De acordo com Carvalho, no caso dos bancos não ligados à indústria automobilística, o número de recusas tende a ser maior, já que eles não são tão agressivos nas concessões de crédito.
 
O movimento se refletiu nas vendas de automóveis no primeiro trimestre: houve queda de 0,8% nos licenciamentos na comparação com o mesmo período do ano passado. A produção caiu 10,9% na mesma comparação.
 
Na tentativa de reanimar o mercado, os bancos públicos reduziram no início deste mês as taxas para financiamento de veículos. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, por exemplo, passaram a praticar pisos de 0,99% e 0,98% ao mês, respectivamente. Itaú, Bradesco.
 
Nesse cenário, as montadoras esperam melhora nas vendas de veículos a partir de maio. A previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é que as vendas no mercado interno cresçam 5% neste ano, somando 3,8 milhões de automóveis. 
 
PRAZOS LONGOS  - Especialistas apontam que o calote está elevado principalmente porque, ao longo do segundo semestre do ano retrasado, os prazos foram excessivamente alongados.
 
“Até 2010, o consumidor adquiriu veículos com prazos muito longos para pagamentos. A renda não cresceu tanto, ele se viu apertado e teve de escolher o que iria pagar”, afirma Wermeson França, economista da LCA. 
Na avaliação de Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, a expectativa é que a inadimplência recue.
 
“Deve melhorar, primeiramente, pelo comportamento cauteloso dos bancos, que contribui para o perfil da carteira de crédito”, diz. “Além disso, os salários reais evoluem, e o emprego não para de crescer; a capacidade de pagamento vai melhorando.”
 

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