Dos postos de combustíveis para os postes

Carlos Vianna junior

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Na madrugada de sábado para domingo, na Avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba, aconteceu mais um acidente de trânsito. Mais um carro atingiu um poste. Mais dois jovens feridos. Mais um caso em que bebida alcoólica foi encontrada no veículo destruído. Mais um caso que, felizmente, não resultou em óbitos. Mas como os postes continuarão nos mesmos lugares, assim como as bebidas alcoólicas estarão disponíveis, a qualquer hora do dia, em lojas de conveniências, nos postos de combustíveis, é de se esperar que a ligação entre postos e postes venha, nos próximos dias, a ser feita por condutores de veículos com menos sorte que os deste fim de semana.

Num posto de combustível, no Rio Vermelho, próximo ao Mc Donald’s, a movimentação de motoristas que bebem antes de assumir o volante do carro não é pequena, segundo o caixa da loja de conveniência, que não quis se identificar. Separado do estacionamento por uma parede de vidro, o funcionário da loja tem a visão dos clientes que saem com bebidas, ou depois de bebê-las.

“São muitos e todos os dias, sendo que à noite são em maior número”, conta. Ele diz já estar acostumado e só se surpreende, ainda, com a quantidade de mulheres que estão fazendo o mesmo. “Não há mais diferença entre os sexos, para a irresponsabilidade”, conta.

Para ele, no entanto, o movimento de motoristas irresponsáveis teve uma diminuição, desde que as blitzes da lei seca voltaram a ser realizadas. Perguntado se a campanha do “amigo da vez” – que propõe que um do grupo que bebe não ingira álcool para poder assumir o volante – tem sido considerada, a risada irônica bastou para deduzir a resposta. Em Amaralina, num posto, na orla marítima, a reportagem obteve as mesmas respostas de uma vendedora.

“Sim, eles vêm muito aqui; homens, mulheres, inclusive aos domingos, e não têm essa de amigo da vez”. Quando perguntada sobre a ideia de proibir a venda de bebida alcoólica em postos, a resposta foi imediata. “Está doido, é o artigo mais vendido. Se proibissem, muitos de nós perderíamos o emprego”, disse. E possibilidade de que muitos possam perder a vida, com a venda? “É um problema, mas eu acho que a solução seria eles terem mais responsabilidade”, diz.

No posto da Avenida Magalhães Neto, na Pituba, a diferença está na indignação da vendedora entrevistada. “Falta de respeito à vida, é por isso que acontecem as coisas. Já vi gente chegar aqui às 11h da noite e sair às 7h da manhã, trocando as pernas, e mesmo assim entra no carro e sai do posto dirigindo”, conta. Será que chegou em casa? “Espero que sim, espero que não tenha encontrado nenhum pedestre pela frente”, respondeu, sem lembrar que do posto até a casa do motorista irresponsável, há, certamente, muitos postes.