sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A BAHIA E OS FAVELADOS


http://www.bahianoticias.com.br/fotos/principal_samuels/2433/IMAGEM_SAMUEL_4.jpgPor: Samuel Celestino

Não surpreende a constatação do IBGE segundo a qual o Brasil exibia, em 2010, 11,42 milhões de pessoas vivendo em favelas em todas as suas modalidades, representando o elevado percentual de 6% da população do País. Não surpreende, mas envergonha. Surpreende mesmo, mas nem tanto, é que a Bahia lidere no País o quadro de favelados e é o estado nordestino com maior número de pessoas vivendo em tais circunstâncias. São 979.940 pessoas vegetando em aglomerados absurdos, subnormais.

A Bahia está à frente do Nordeste, região onde tem a maior economia. A região Sudeste concentrava, no levantamento feito, metade (49,8%) dos domicílios ocupados em aglomerados subnormais do País, “com destaque para os Estados de São Paulo (23%) e Rio de Janeiro (19%). A região Nordeste tinha 28,7% do total, a Norte 14,4%, a Sul 5,3% e a Centro Oeste 1,8%.” O número da Bahia, acima citado, se refere a uma comparação com o total da população do Estado, portanto é relativa. São Paulo tem mais porque é muito mais populoso e é a principal unidade federativa em termos de desenvolvimento econômico.

A favela é um fenômeno basicamente urbano. Localiza-se, principalmente, nas regiões metropolitanas. A habitação subnormal tem aumentado gradativamente no correr dos anos. Comparando-se com a realidade de há 20 anos, quase dobrou a proporção dos brasileiros nessas circunstâncias. Vê-se que se trata de um fenômeno próprio do subdesenvolvimento, onde, em razão da precariedade de emprego e renda no interior, populações emigram para as regiões metropolitanas, determinando o crescimento das favelas.

A única forma de barrar tal processo é o crescimento econômico que, ao oferecer melhores condições financeiras e ascensão social, com tem acontecido nos últimos anos, quando surgiu a chamada “nova classe média.” Num processo mutativo dessa ordem, o crescimento alimenta novo crescimento (é a dialética) favorecendo o deslocamento de populações que ascendem a deixarem a favela em busca de melhor qualidade de vida. As favelas sedimentadas tendem, ainda raciocinando em termos de crescimento econômico, a ser beneficiadas em infraestrutura, como se observa, no momento, no Rio de Janeiro.

Em Salvador, com crescimento urbano desordenado e sem planejamento, vinga a miséria e, com ela, (também por falta de crescimento adequado) abrem-se espaços para a baixa condição social, com ausência de oferta de educação e saúde. Como conseqüência, detona-se a violência. É o que está a acontecer, comprovando que a violência não pode ser combatida com o uso bruto da força policial e, sim, com a adequação e solução dos problemas da base da pirâmide social. Esta é a grande saída.

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