quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Serra corta prévias do PSDB e lança lenha na fogueira política




José Serra pretende concorrer novamente à prefeitura de São Paulo. Foto: internet
José Serra pretende concorrer novamente à prefeitura de São Paulo. Foto: internet

Nos últimos dias, os setores conservadores do Brasil colocaram uma pedra importante no tabuleiro político brasileiro com entrada de José Serra, PSDB, na disputa pela prefeitura de São Paulo. Desanimado pela última derrota na eleição presidencial e escanteado pelas lutas internas de seu partido, o ex-governador paulista demorou de tomar a decisão de participar das prévias, mas já atropelou o regimento e também abocanhou vários apoios. Tende a ser o escolhido.

Fôlego para os dispersos

A entrada de Serra no jogo eleitoral animou a grande mídia aliada a seus pensamentos e também já começa a aglutinar os partidos de oposição a Dilma e ao PT no Brasil, até então dispersos. O DEM, de ACM Neto, vê a volta e Serra como uma oportunidade de ganhar algum fôlego no cenário nacional. Por isso já manifestou apoio ao tucano, mas condicionado ao apoio do PSDB à sua candidatura a prefeito em Salvador. Gilberto Kassab (uma cria de Serra), presidente do PSD, já disse que aceita indicar o vice para o antigo aliado. O interessante é que até recentemente Kassab tentou se aproximar dos petistas, mas foi rechaçado por importantes lideranças, como a senadora Marta Suplicy, e foi vaiado num encontro da legenda.

A lição de Dilma

Mostrando sensibilidade política mais do que antigos caciques do PT, a presidente Dilma Rousseff busca atrair Kassab e PSD para sua base de apoio, um político de centro que pode ir para qualquer lugar. Logo após o episódio das vaias, Dilma convidou Kassab para uma conversa no Palácio do Planalto, tentando diminuir os efeitos negativos causados pela atitude de vários militantes de sua legenda.

Dilma sabe (e Lula também) que a última eleição presidencial demonstrou que existe um equilíbrio político no Brasil. A correlação de forças não é tão favorável ao projeto político liderado pelo PT. Além da Presidência, o PT ganhou em estados importantes, como a Bahia e Rio Grande do Sul, mas a oposição, liderada pelo PSDB, venceu em colégios eleitorais importantes, como Minas e Paraná, e tem várias prefeituras e representação política na sociedade, inclusive com força na grande mídia. Como não há uma demarcação clara entre o projeto nacional em execução e o que propõe os opositores, o resultado da eleição é sempre incerto.

Terreno fértil

Além disso, não se deve desprezar as razões do surgimento do chamado “efeito Marina” na última disputa nacional. Sem partido estruturado à época, a candidata “verde” levou a eleição para o segundo turno. O fato pode se repetir? Não se sabe, porém Marina Silva pegou uma boa parcela do eleitorado indeciso ou que se opõe ao projeto petista. Foi um alerta. Marina talvez não seja mais uma ameaça para a força hegemônica no Governo Federal. Está sem mandato e saiu do PV. Mas pode surgir outra liderança se o terreno ainda estiver fértil.

Voo perigoso

O fato é que a entrada de Serra acende a lenha da fogueira política nacional, pois entra em jogo a disputa do projeto nacional do PSDB e também a sucessão de Dilma. Como se sabe, o tucano já deu mostras que o cargo executivo de seu sonho é o de presidente da República. Por isso que os petistas e seus aliados têm, este ano, o desafio de movimentar corretamente a pedra do xadrez político e impedir o voo de Serra a partir de São Paulo. A tarefa não será fácil.

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