quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O Brasil precisa ler mais





O fato é que menos de 10% das cidades brasileiras possuem livrarias, menos de 8% têm cinema e menos de 10% uma biblioteca pública
Povo brasileiro precisa abraçar a leitura.
Povo brasileiro precisa abraçar a leitura.
Quantos artigos já foram escritos sobre a importância e os benefícios do hábito de leitura? Quantas campanhas o Ministério da Educação já promoveu? Quantos estudos já foram desenvolvidos por psicólogos, pedagogos, sociólogos, antropólogos... Quantos? “Quem lê viaja”, esse é apenas um dos jargões que já se solidificou na consciência coletiva das massas. Contudo, pesquisas recentes atestam que o número de leitores no Brasil, embora tenha aumentado consideravelmente na última década, é imensamente inferior ao dos países desenvolvidos ou mesmo de países mais pobres, como é o caso da Colômbia, do Peru e da Argentina, só para ficar em alguns exemplos.
Também existem estudos que tentam culpar as mudanças de hábitos impostas pela contemporaneidade: nosso constante estado de urgência, a velocidade e dinamização atingida pelos veículos de comunicação, as disponibilidades propostas pelas novas tecnologias que nos cercam e nos condicionam. Outros preferem citar o preço dos livros que, convenhamos, no nosso país, é elevadíssimo. Além destas, tantas outras justificativas tentam fundamentar a nossa falta de paixão pelos livros. O poeta Lêdo Ivo disse recentemente que somos um povo muito contemplativo e que o excesso de sol na moleira é, de fato, prejudicial. Então, pergunto eu: o que fazer?
Sabemos que o desenvolvimento econômico de um país está intrinsecamente vinculado aos níveis de informação e de formação científica de seu povo, o que reflete diretamente na qualidade de vida, na seguridade de direitos e nos avanços sociais que possam possibilitar a todos o acesso aos bens de consumo e a um serviço público de qualidade. Como disse Voltaire: “Os livros governam o mundo”.
Vejo semanalmente na TV Senado os discursos inteligentes, para não dizer irrefutáveis, do senador Cristovam Buarque que defende, quase que intransigentemente, que os royalties do pré-sal sejam, integralmente, destinados à educação. Presto atenção aos seus argumentos e concluo: ou eu sou um fã incondicional desse cara, ou seus colegas senadores são mais insensíveis que uma rocha bruta. Mas, como bem aponta Schopenhauer, “os homens estão mil vezes mais preocupados em ficarem ricos do que em adquirirem cultura, embora seja inteiramente certo que aquilo que o homem é contribui mais para sua felicidade do que aquilo que ele tem”.
O fato é que menos de 10% das cidades brasileiras possuem livrarias, menos de 8% tem cinema e menos de 10% uma biblioteca pública. A nossa mais conceituada universidade – a imponente USP – é apenas a centésima do planeta. Nem sei se é válido citar que apenas 2% dos estudantes desta são negros. O que me dizem disto? É fato também que, estranhamente, muitos dos professores de literatura não gostam de ler, que vários dos nossos estudantes de Letras concluem a graduação sem ler um único livro, que as bibliotecas das nossas escolas públicas mais se parecem com depósitos de cadeiras e mesas quebradas, e que... Bem, é melhor parar por aqui. Ouçamos Voltaire: “Quando uma nação começa a pensar, é impossível detê-la”.
-Por Lucas Ribeiro Novaes, estudante de Psicologia e professor, é também colunista do Gicult

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