segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Migração de prefeito para a base do governo revela fragilidade do PMDB

Fernando Duarte Estremecida desde o início da campanha eleitoral, a relação entre o prefeito de Candeias, Sargento Francisco, e o PMDB continua pouco fraterna – o partido entrou com processo administrativo contra o afiliado por supostas negociações de apoio na eleição. O assunto não é novo, porém retornou aos holofotes quando foi levantada a hipótese de migração de Francisco para o PSD, legenda controlada em Candeias pelo grupo adversário do prefeito, que apoiou a candidatura derrotada de Tonha Magalhães. Mesmo negando – Sargento Francisco falou rapidamente com a Tribuna e assegurou não estar discutindo mudança de filiação –, o debate sobre a saída dele do PMDB mostra certa fragilidade das oposições na Bahia. Em quatro anos, no período entre eleições municipais, o maior partido de oposição no estado, o próprio PMDB, encolheu 62%. Caiu de 115 prefeituras para 45 – nas contas da sigla – ao final da eleição 2012. O número não é muito distante da média de redução de 59% das prefeituras sob o comando dos sete partidos que compõem a minoria na Assembleia Legislativa. DEM, PSDB, PTN, PR, PRP e PSC detinham 119 prefeituras em 2008. No último pleito, ficaram com 51. O alento para a oposição a Jaques Wagner é o controle das prefeituras das duas maiores cidades do estado, Salvador e Feira de Santana. E, no vácuo deixado por esse decréscimo, o PSD, que foi aventado como virtual destino de Sargento Francisco, foi o grande beneficiado. Fundado apenas em 2011, estreou nas urnas com 70 prefeituras na Bahia. E engrossa as 322 cidades administradas por partidos da base aliada do governo estadual. Para o presidente estadual do PMDB, Lúcio Vieira Lima, esses números não refletem o tamanho de um partido. De acordo com o dirigente, o fluxo de prefeituras ligadas ao governo muda conforme a necessidade dos prefeitos, o que ele chama de “quadros oportunistas”, citando como exemplo o ex-prefeito de Salvador, João Henrique. “É muito melhor ter menos prefeitos, mas mais comprometidos. Um partido não é feito só de prefeitos, mas de vereadores, deputados e militantes”, ressalta. Sobre o caso de Sargento Francisco, Lúcio engrossa o tom e critica duramente o correligionário. “Ele já acertou com o PSD. Agora ele está com receio do partido solicitar o mandato. Ele só vai perder se o Ministério Público Eleitoral pedir, pois nós não vamos. É mais importante para o PMDB ficar longe dessa mácula do que ter ele como prefeito”, disparou. O problema a que se refere o dirigente é uma documentação encaminhada pelo PMDB à Justiça Eleitoral e à Polícia Federal em que o prefeito de Candeias supostamente troca apoio do PSDC por recursos para a campanha, denunciado logo após a convenção da sigla na cidade, cuja cassação foi requerida ao diretório nacional da legenda. Mesmo minimizando, perder uma prefeitura num universo tão restrito é o retrato da fragilidade da oposição na Bahia.

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