segunda-feira, 14 de maio de 2012

















A troca de comando da construtora Delta, suspeita de obter favorecimento em contratos devido à sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira, não altera o risco de a empresa ser declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União (CGU) e, consequentemente, ser banida de futuros contratos com o governo federal. Foi o que disse ao site de VEJA o ministro-chefe da CGU, Jorge Hage.



“A troca de controle da Delta, do ponto de vista da CGU, não muda nada. A declaração de inidoneidade é da pessoa jurídica, não é do diretor A, o presidente B. A mudança das pessoas não muda nada”, afirma Hage.



Alvo de processo administrativo desde o último dia 24, a Delta passará a ser controlada pela holding J&F e será presidida agora pelo ex-presidente da usina de álcool e açúcar Renuka, Humberto Farias. A edição de VEJA desta semana revela que, nos bastidores, os dois lados envolvidos na venda da Delta apostam em um aval da CGU.



A presença nas negociações do ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles, atual presidente do conselho consultivo da J&F, reforça essa convicção. Uma das primeiras medidas da J&F, mostra a reportagem de VEJA, será mudar o nome da empreiteira. Só a conclusão das investigações dirá se tamanha certeza se justifica.





Segundo depoimento do delegado da Polícia Federal (PF) Matheus Mella Rodrigues à CPI do Cachoeira, a Delta transferiu 39 milhões de reais para três empresas – JR, Brava e Alberto Pantoja - suspeitas de terem sido usadas pelo contraventor para lavagem de dinheiro e evasão de divisas a paraísos fiscais no Caribe.



A empresa é investigada pela CGU por suspeita de distribuir propina e vantagens a servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Ceará.



Contratos - Se for considerada inidônea – hipótese avaliada como a mais provável entre governistas – os atuais contratos da empreiteira com o governo serão avaliados caso a caso para que se decida se podem ter seguimento. Atualmente, a Delta tem 71 contratos de obras públicas vigentes no valor total de 2,47 bilhões de reais.



Existem ainda 61 contratos com prazo de vigência já expirado, mas ainda não concluídos, no valor de R$ 1,5 bilhão.

Caso seja banida da administração pública, a Delta terá seus atuais contratos avaliados pelos contratantes – mais de 90% dos contratos foram fechados com o Dnit.



Para o cancelamento dos quase R$ 4 bilhões em contratos já assinados ou pendentes de conclusão, o governo terá de analisar, entre outros pontos, se é mais vantajoso paralisar ou manter o andamento da obra para evitar atrasos nos empreendimentos.

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