terça-feira, 15 de maio de 2012

Debate: o PT e a esquerda no governo Wagner estão no rumo certo?
















Luis Rogério (com o livro na mão) no ato de lançamento de seu livro na UESB Jequié. Foto: GicultDepois da conquista da democracia no Brasil a partir de 1986, alguns partidos de esquerda, sobretudo o PT, começaram a ganhar espaços nos Executivos. Inicialmente nas prefeituras depois evoluindo para os estados e para o poder central, com a Presidência da República a partir da eleição de Lula, em 2002. De lá para cá, o PT, PC do B, PSB, PDT, partidos que falam em socialismo, já tiveram diversas experiências administrativas, se contrapondo eleitoralmente às forças consideradas atrasadas e conservadoras de muitos lugares, dizendo que fariam governos comprometidos com as causas sociais, participação popular, transparência administrativa e ética.





Porém, com o passar do tempo, com o discurso da governabilidade, vários partidos de centro e da direita se incorporaram à base do governo federal, como o PR, PP, PMDB, por iniciativa de Lula e Dilma.





Como reflexo dessa composição de forças políticas com perfis ideológicos tão diferenciados e conflitantes, as políticas de alianças dos partidos de esquerda foram influenciadas nos estados e municípios, criando algumas contradições principalmente nestes locais, onde os acordos políticos das direções superiores não anulam cultura política dos embates anteriores.





Descaracterização





Há quem analise, como o professor Luis Rogério em seu livro "A alma do Animal Político: reflexões de um petista sobre a importância dos princípios", que na Bahia, por exemplo, a aplicação distorcida desse discurso da “governabilidade” descaracterizou os princípios e práticas da esquerda, tomando como base o PT, partido o qual é filiado. Nesta avaliação, ele diz que o governador Wagner – junto com o núcleo dirigente estadual da legenda – fez várias alianças com políticos hostis e inimigos históricos do PT, como muitos carlistas desalojados do poder, e deputados dos partidos conservadores. Em muitas cidades, inclusive - segundo ele escreve -, o PT incorporou vários políticos egressos do DEM que se transformaram em prefeito na última eleição. Em muitas localidades, houve sérios conflitos e falta de apoio aos históricos militantes que concorriam ao Executivo devido aos acordos realizados com a “base aliada” que, por sinal, não deixou de “bater” no PT durante a disputa eleitoral. Nas diversas cidades onde tal fato aconteceu, a militância petista quase que deixou de existir. Ou foi anulada pelos adesistas ou desistiu de lutar contra o comando.





Perda de potencial





Com vários exemplos, Rogério concluir que o PRC (Poder Republicano Central), do qual faz parte Wagner, Rui Costa, Jonas Paulo e outros, fortaleceram apenas os adversários do PT nos municípios, colocando de escanteio as bases partidárias do interior profundo. “O autocanibalismo político que ele (Wagner) estimula tem sido voraz e as vozes contrárias ao entreguismo do partido às forças da direita conservadora na Bahia estão sendo desqualificadas pela cúpula palaciana e os resultados serão pífios do ponto de vista eleitoral, pois o PT e a esquerda em geral que foi subserviente a esse modo de governo perdeu o potencial e a bandeira da disputa política no estado em 2012. Redeu-se a bandeira faz muito tempo”, comentou Rogério no site Gicult, em 12/0/2012, um dia depois do lançamento de seu livro na UESB, Campus de Jequié.





Questões





Diante do exposto, ficam algumas perguntas: Como deve ser a política de alianças de um governo de esquerda? Como deve ser a relação do governo com movimento social e as greves? Do ponto de vista administrativo e social, quais devem ser as prioridades? Quais os canais que o governo deve criar para interlocução real – e cotidiana - com a população e o movimento organizado? Do ponto de vista político, qual prática e discurso devem prevalecer? Quem e o que deve ser fortalecer com um governo dito de esquerda? Qual deve ser a postura de cada partido num governo de esquerda? O governo de Wagner, eleito com discurso de esquerda, está fazendo o quê de diferente e melhor para o povo? Como obter a qualidade política, com respeito à ética, aos princípios e aos interesses maiores da população? As alianças devem ser feitas a qualquer custo apenas para chegar e se manter no poder?





Análise crítica





Essas questões precisar ser respondidas pelos que estão nos cargos em nome da esquerda e também pelos que abraçam a luta popular e querem assumir cargos no Executivo e no Legislativo nas eleições deste ano e nas futuras. Somando aos outros questionamentos de Luis Rogério (dezenas, no livro)e a fundamentação que suscitou este debate, as respostas servirão para a correção de rumos e/ou ajustes de metas dos que ainda têm capacidade para fazer a análise crítica.





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Para assitir a um vídeo com uma entrevista do professor Luis Rogério Cosme (UFBA), no qual ele fala sobre seu livro, CLIQUE AQUI.

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